Futura esposa do Professor Doutor Luís António Martins Raposo, D.ª Antónia fez uma promessa pelo seu retorno, são e salvo, de terras de França, quando soube que o seu noivo partiria para a guerra. A promessa foi feita à Nossa Senhora da Batalha, e seria, como ainda hoje podemos ver, cumprida, quando o oficial médico regressou a Portugal. Uma interessante história de como a sociedade reflectia sobre a partida dos nossos combatentes para o conflito, e de como mães, esposas, irmãs, namoradas e noivas, tentavam ultrapassar a angústia de não saber dos homens que para lá partiam.

A 9 de Abril de 1919 Luíz Gonzaga do Carmo Pereira Ribeiro, Capitão da Brigada do Minho, seria encontrado morto no campo de batalha. Vítima da fúria de uma guerra que duraria ainda largos meses e que cobraria muitas vidas mais, Luiz Gonzaga era um soldado, um combatente do CEP e um bravo minhoto na Grande Guerra, que Carlos Ribeiro, seu sobrinho-neto, agora trás até nós.

Em 1917, vários soldados de Macieira de Cambra partiram para França. Ali se deixariam fotografar, juntos, tal como tinham partido, rumo ao desconhecido de uma guerra que não desejavam combater mas pela qual pegaram em armas. Esta é a história de alguns Cambrenses, como nos conta Adolfo Tavares Coutinho.

A sobrinha de Eduardo da Fonseca Guerreiro, ainda viva e com mais de 90 anos, preservou por anos a memória de um tio que nunca conheceu, assim como centenas de postais que o mesmo combatente enviava de França a sua mãe, durante a Grande Guerra. Malogradamente, Eduardo viria a falecer em 9 de Abril de 1918. Contudo, a sua memória perdura através das suas palavras, reflexo de um amor entre mãe e filho que ainda hoje ecoa no tempo.

José Joaquim nasceu com a vocação para a Medicina. Militar, médico, homem de fibra e coragem, louvado pela sua participação na Grande Guerra, foi prisioneiro dos alemães e sobrevivente a esse grande conflito, que marcou toda a sua geração.

Pedro Augusto Soares poderá ser um combatente desconhecido entre tantos mas, durante a Grande Guerra, não o foi por certo para a sua Madrinha de Guerra.

António dos Santos Gouveia esteve em Moçambique, possuindo a família a sua caderneta, bem conservada deste os tempos em que este soldado esteve na frente africana.

José Estevão Coelho de Magalhães esteve a combater com os ingleses na sua bateria. Era alferes de artilharia treinado em Inglaterra e membro do C.A.P e da sua folha consta o louvor pelo enorme sacrifício em tomar conta dos seus homens quando desfalcados de oficiais. Voltando a Portugal, morreu precocemente, facto que sempre foi atribuído ao esforço e à inalação de gases no Front.

António Braz entrou para o Exército com 16 anos como voluntário. Antes do eclodir da Primeira Grande Guerra, esteve em Moçambique, sob as ordens de Mouzinho de Albuquerque, e em Angola. Depois de 1914 passou também pela Flandres. Foi feito prisioneiro na batalha de Las Lys.

Almocreve de Castro Verde, João Francisco Caetano viu as bestas serem mobilizadas para a guerra e, por causa disso, acabou ele próprio por ser mobilizado para a Flandres.

Manuel Cassola foi dado como desaparecido após uma batalha em França. Regressou a casa no final da guerra com problemas de saúde, devido à inalação de gases.

Tendo estado na frente de batalha a 9 de Abril, José Ferreira, soldado do Corpo Expedicionário Português recordou sempre, toda a sua vida, a forma como sobreviveu.

Luís Carlos licenciou-se em Medicina em 1914 e, poucos anos depois, quando Portugal entrou no conflito europeu, foi enviado para a guerra, partindo a 31 de Agosto de 1916 com o Regimento de Infantaria nº 7. Da sua participação ficaram memórias, e um belíssimo espólio fotográfico e documental, guardado pelo seu neto.

Manuel da Piedade ingressa como voluntário para sair da sua aldeia e ver o mundo. Por tal, combaterá em África e em França na Grande Guerra.

Leandro José Rosado, soldado condutor em França, ainda hoje é recordado pela fotografia que pertence ao espólio da sua família, e que demonstra a ligação fraternal que tinha com seu irmão Dimas.

Professor na Escola Central de Sargentos, acabaria por partir para França, onde a sua acção se destacou, razão pela qual foi agraciado com vários louvores.

O soldado José Machado foi enviado para a Flandres em Maio de 1917. Quatro meses mais tarde, foi ferido em combate e evacuado para o hospital. A família conta que terá feito a recuperação numa quinta em França, mas desconhece a localidade e durante quanto tempo ali permaneceu.

António Lopes Rodrigues Palma partiu de Seia para a recruta, terminando o curso de 1º cabo com distinção. Tendo ido para França para participar na Grande Guerra, quando retornou, decidiu ir viver para Luanda.

António José Nunes de Carvalho foi soldado da Grande Guerra e sobreviveu ao fatídico 9 de Abril de 1918, quando foi gaseado e feito prisioneiro. Devido à sua participação no conflito sofreu sempre de problemas se saúde, que jamais o deixaram esquecer as agruras que viveu na guerra.

Francisco Carolino enviou à sua irmã este postal, com retrato seu, tirado em França, e que se tornaria a última imagem e notícia que a família teria do combatente, falecido na frente ocidental.

Pintor e desenhador português, Adriano de Sousa Lopes partiu para o Front, encarregue do registo iconográfico da acção do Corpo Expedicionário Português. A sua obra é única em Portugal.

Sousa Lopes foi capitão do serviço artístico do Corpo Expedicionário Português e o único pintor oficial do Exército em França nos anos de 1917 e 1918. Actualmente os trabalhos mais representativos deste artista podem ser vistos no Museu Militar de Lisboa, nas salas da Grande Guerra, contruídas na década de 1930 para albergar sete pinturas monumentais.

A experiência de guerra do Corpo Expedicionário Português em França foi registada por um único repórter fotográfico, Arnaldo Garcez (1885-1964). Graduado em Alferes equiparado, ele assegurou o Serviço Fotográfico do Exército entre 1916 e 1921. Perto de dois mil negativos originais conservam-se hoje no Arquivo Histórico Militar em Lisboa.

Max Corsepius foi preso em 1916 na Ilha Terceira por ser cidadão alemão. A guerra levou um funcionário da DAT à privação da liberdade mas igualmente ao contacto com duas mulheres, duas amigas e correspondentes, vindo a casar com uma delas, anos mais tarde. Estes postais recriam essas relações e recordam os prisioneiros alemães em Portugal no contexto de guerra.