O cemitério militar português de Richebourg l´Avoué

Cemitério de militar português de Richebourg l´Avoué. Fotografia cedida por Afonso da Silva Maia Cemitério de militar português de Richebourg l´Avoué. Fotografia cedida por Afonso da Silva Maia
 
Independentemente do que sucedeu a cada um dos soldados portugueses na Grande Guerra, tenham eles sido capturados pelos alemães em 9 de Abril e falecido num campo de concentração, mortos num raid sob as linhas portuguesas ou perdido a vida por razões de doença, a realidade é que muitos ficaram enterrados fora de Portugal e os seus corpos, por razões diversas, não puderam ser repatriados pelo Serviço de Sepulturas de Guerra no Estrangeiro. Todavia isso não significou que não existisse interesse pelo seu paradeiro. Antes pelo contrário. Richebourg l´Avoué é prova de que, ainda hoje, estes militares são recordados, como podemos constatar pelas cerimónias efectuadas todos os anos, nas quais se relembram principalmente os inúmeros caídos a 9 de Abril de 1918, mas em que se louva igualmente a presença de todos os portugueses neste conflito.

O cemitério de Richebourg l´Avoué não é o único local de repouso de militares portugueses. Em outros lugares existem talhões em cemitérios militares, as denominadas secções portuguesas, onde se encontram homens do C.E.P. Contudo, Richebourg é um cemitério militar exclusivamente português, com 1.831 mortos, dos quais 238 são desconhecidos. Os corpos dos homens que hoje encontraram o seu descanso naquele local vieram de outros cemitérios em França, como o de Touret, Ambleteuse ou Brest. Vierem também de Tournai na Bélgica e alguns da Alemanha, no caso dos prisioneiros falecidos naquele território. A recolha total e os trabalhos de inumação dos corpos ter-se-á efectuado entre 1924 e 1938.

A construção de toda a estrutura deveu-se principalmente a dois homens. Um foi M. Lantoine, o cônsul português em Arras. O outro Alberto Lello Portela, oficial que integrou a missão de aviação portuguesa na Grande Guerra. Inicialmente estes homens uniram esforços para reagrupar numa mesma estrutura física, os corpos dos expedicionários inumados em Brest, Chartres, Etaples, Wimereux, Boulogne, Ambleteuse, Côte d´Opale, entre outros.

O tempo passou e a estrutura simples do cemitério de Richebourg l´Avoué contêm agora a memória dos expedicionários que deram a vida pelo conflito mundial no palco europeu. É um cemitério de guerra. E como tal deve ser olhado por todos nós como um memorial ao soldado português. 
 
Margarida Portela (IHC)
 
Cite como: Margarida Portela, "O cemitério militar português de Richebourg l´Avoué", A Guerra de 1914 - 1918, www.portugal1914.org

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