Deodato Martins fez-nos chegar a história que escreveu sobre a vida do seu avô, Américo Teixeira Martins, que esteve em África e em França aquando da Primeira Guerra Mundial, e onde serviu o seu país, de forma louvável. Ferido em finais de 1917, regressaria a Portugal depois da batalha de La Lys, e retomaria a sua vida, apesar dos problemas de saúde e das lembranças. Tornar-se-ia um industrial proeminente e de sucesso, sendo responsável pela criação da Metalúrgica Longra. Orgulhosa do seu papel, da sua vida e das suas memórias, a família recorda agora a sua presença nos dois teatros de operações, recordando a ida de Américo Teixeira Martins à Grande Guerra. 

Já aqui contámos alguns pormenores menos conhecidos relacionados com a riquíssima vida (e memória) do Contra-Almirante Leote do Rego, que nos foram amavelmente relatados por seu neto, Luís Leote. Agora, com a ajuda dele, bem como dos objectos que nos trouxe, das fichas de combatente que obtivemos no Arquivo Histórico Militar, e seguindo o mote de uma fotografia familiar, colectiva, que nos cedeu, vamos recordar os dois filhos do Contra-Almirante, porque enquanto este ficava em Portugal, cumprindo o seu dever, ambos seguiram para França, para combater pela pátria da Igualdade, Liberdade e Fraternidade.

Maria da Conceição Pires Coelho, filha do médico Tito Pires Coelho, trouxe aos Dias da Memória a história de seu pai, que serviu no Front, na zona portuguesa, durante a Grande Guerra. Dos pormenores mais difíceis e dolorosos, às deliciosas histórias que incluem hábitos alimentares alterados pela guerra, de tudo nos contou, com alegria e jovialidade, recordando o seu amado pai, importante personagem na vida de São Miguel, Açores, onde este revolucionou as práticas médicas e onde exerceria quase toda a sua vida do pós- guerra.

Ao descobrir uma fotografia do seu avô, bem como alguns poucos dados sobre o seu percurso como jovem militar, Ana Luísa Alves desde logo se questionou se o seu bisavô estivera na Grande Guerra. Tendo descoberto que não, pese embora Joaquim tenha serviço no Hospital Militar da Figueira da Foz durante a guerra, esta história demonstra a sua procura, o seu orgulho e a sua descoberta, recordando-nos a memória daqueles que por cá ficaram, cumprindo o seu dever para com o país que os mobilizara. 

Os Dias da Memória trouxeram até nós familiares que foram combatentes ou simples conhecidos de tantos portugueses. Mas trouxeram também provas de amizade, deixadas por outros soldados, aqueles que, não se sabendo hoje quem são, deixaram uma marca na vida dos seus camaradas, que com eles conviveram, com um souvenir, um postal, uma fotografia. Assim sucedeu com Armando Artur, que deixou uma fotografia dedicada ao seu camarada Barbeitos, cujo espólio fotográfico nos foi trazido por Victor Neto na sua visita à Assembleia da República.